Em março deste ano, fui convidada pelo TeleSéries a escrever um texto para coluna Séries & Eu, contando minha experiência na Comic Con. Como, na época, ainda não tinha meu blog, resolvi, agora, compartilhar a experiência com vocês.
Eu sou fã de seriados desde sempre. Comecei, ainda criança, com As
Panteras (alguém aí ainda se lembra de Kelly, Cris e Sabrina?), e não parei
mais. E as séries policiais sempre tiveram um charme a mais, para mim. Algo
como… pessoas normais também podem ser heroínas.
Com o passar do tempo, convenções e pequenas reuniões começaram a surgir no
Brasil e, é claro, sempre que possível, eu marcava presença. E foi assim que
acabei fazendo parte de um grupo de teatro amador que realizava performances
baseadas em seriados de sucesso. Essas experiências fizeram com que eu
conhecesse cada dia mais fãs, não apenas das minhas séries favoritas, mas de
seriados de todos os tipos, o que foi muito legal! E foi aí que comecei a ouvir
comentários sobre as Comic Con de San Diego, consideradas as maiores do mundo.
Um ou outro felizardo que havia tido a experiência da Comic Con relatava sua
história para alguém e logo todos estavam sabendo. Cada um contava uma parte do
todo e eu ficava imaginando a sensação incrível que deveria ser estar num
evento grandioso como esse.
Alguns anos mais tarde, numa reunião de amigos, surgiu a pergunta: “Vamos à
Comic Con ano que vem? (2012)” E de uma brincadeira, logo o papo ficou sério e
eu me vi pesquisando tudo sobre Los Angeles e San Diego – CA. Mesmo sem a
certeza de que conseguiria comprar os ingressos (o que é um verdadeiro drama) e
sem ter a menor ideia de quem seriam os convidados, eu já fazia planos toda
animada.
O drama dos convites se deve à venda dos ingressos ser feita pela internet e
é preciso ter um cadastro prévio, com um username e uma senha definidos pela
equipe organizadora da Comic Con. Ok. Com tudo em mãos, lá fui eu para a frente
do notebook, na maior ansiedade, pois o comentário era de que muita gente não
consegue comprar os ingressos, o site fica congestionado… enfim, todos os tipos
de contratempos que acontecem nessas compras pela internet. E… aconteceu um
desses contratempos comigo!
Quando chegou minha vez na fila, a senha fornecida não funcionava! Ainda
haviam ingressos disponíveis para três dias, mas eu não conseguia comprá-los! E
por mais que eu tentasse… não consegui! Dá para imaginar o tamanho da
frustração?!
Passados aqueles quinze minutos de desespero (ok, foram bem mais que quinze
minutos…), resolvi escrever um e-mail para a equipe organizadora do evento e,
para minha surpresa, eles me responderam rapidamente. Após verificarem o meu
caso, perceberam que havia acontecido o que eles chamaram de “problema de
sufixo de sobrenome”, o que nada mais é do que uma pane no programa que eles
utilizam e que não está acostumado com as preposições da nossa querida língua
portuguesa.
Resultado: a equipe foi extremamente gentil e educada comigo e, como forma
de se desculparem pelo transtorno, me ofereceram a possibilidade de comprar
ingressos para todos os dias. Dá para acreditar?! O que parecia o maior dos
azares se transformou no maior golpe de sorte. E com uma chance dessas, é claro
que eu comprei ingressos para todos os dias.
A Comic Con, para mim, sempre foi a respeito do evento em si, e não sobre
qual celebridade eu poderia encontrar por lá. Estar em San Diego, num mega
evento de seriados, cinema e quadrinhos, cercada de pessoas com os mesmos
gostos que eu, era tudo o que eu queria. E assim, eu não me preocupei com quem
seriam os convidados de destaque e me mantive tranquila até a divulgação da
programação oficial, que só saiu quinze dias antes da Comic Con.
Sou fã de Castle, Criminal Minds (hoje em dia nem tanto, a saída da
Prentiss colocou um fim na série, para mim), NCIS, NCIS LA, Law and Order:
SVU e outras séries policiais. E quando saiu a programação, para minha
surpresa e felicidade, não seria apenas uma Comic Con, mas uma Comic Con com a
presença de Paget Brewster (Emily Prentiss, minha personagem favorita de Criminal
Minds) e Nathan Fillion (Castle).
Ainda assim não me permiti ficar muito empolgada, pois sabia que as pessoas
costumam dormir na fila para ver seus ídolos, o lugar fica lotadíssimo e é uma
verdadeira maratona conseguir encontrar os atores mais famosos. E dormir na
fila era algo totalmente fora de cogitação para mim. Eu queria uma experiência
agradável e tranquila, nada de stress.
Chegando em San Diego, eu e os dois amigos que me acompanharam resolvemos
dar uma passadinha no centro de convenções. Era quinta-feira (primeiro dia), e
só queríamos ver como era o evento, pois nesse dia não tinha muita coisa que
nos interessasse. Era tanta gente naquele espaço gigantesco que demorou cerca
de quinze minutos para que eu me separasse deles, e assim foi todos os dias. Eu
curti a Comic Con sozinha, com exceção de alguns poucos momentos em consegui
encontrar com meus amigos, sempre meio que por acaso. Conheci muita gente legal ,
a maioria americanos e, quando eu falava que era brasileira, todo mundo ficava
interessado em saber como são as coisas por aqui. Foi bem legal.
Como não havia nada em especial que eu quisesse ver, decidi que iria entrar
na primeira sala que estivesse mais vazia para dar uma olhada. Dessa forma, fui
parar no painel de
Nikita. O elenco estava todo lá e apesar de não
assistir a série, fiquei encantada com a simpatia de todos, especialmente da
atriz Maggie Q, que deu vida à personagem Nikita.
Uma coisa que impressionou muito na Comic Con foi a organização e o respeito
que todos têm em relação à ordem. Se um segurança fala para os fãs não
ultrapassarem uma faixa pintada no chão, ainda que o seu ator favorito esteja
desfilando a meio metro de distância, ninguém ultrapassa! É um evento muito
tranquilo, onde todos se respeitam.
No dia em Paget Brewster estaria presente no painel de um desenho animado
(não me lembro o nome, pois o conheci naquele momento) no qual ela faz a
dublagem de um personagem, eu fui sozinha ao evento (apenas eu tinha ingresso
para todos os dias). Quando eu cheguei, a fila era algo que sequer poderia ter
imaginado… começava próxima à entrada da sala onde seria o painel, dava voltas
por grande parte do centro de convenções e continuava na parte externa do
prédio, dando várias voltas. Pelas conversas que eu conseguia ouvir enquanto
caminhava, a maior parte das pessoas havia dormido na fila, confirmando os
boatos que eu já escutara.
No momento em que, finalmente, encontrei o fim da fila, as pessoas começaram
a andar: as portas da sala haviam sido abertas. Entrei calmamente e dei uma
olhada geral. O lugar estava lotado! Como só havia lugares livres no fundo,
concluí que não tinha nada a perder se fosse dar uma volta lá na frente antes
de arrumar um lugarzinho para sentar. Quando cheguei na primeira fileira, notei
um lugar vazio… achei estranho e perguntei se aquela cadeira já era de
alguém e, para minha surpresa não, ela estava vazia, linda e maravilhosa, à
minha espera. Usei minha mochila para guardar meu lugar e continuei andando. As
plaquinhas com os nomes dos convidados já estavam sobre a mesa e, exatamente à
frente da placa com o nome Paget Brewster, adivinhem o que eu vi? Outro lugar
vazio e sem dono! Me mudei pra lá imediatamente. Enquanto a maioria das pessoas
ali sequer havia dormido, eu havia acordado às 9:00, tomado um café da manhã
tranquilamente e estava sentada a meio metro da atriz que eu queria ver. Ah... a
sorte…
O painel começou e, mais uma vez, todos foram muito simpáticos, especialmente
a Paget. Durante o painel conheci uma garota americana que também estava ali
por causa de Criminal Minds e tinha bastante experiência em Comic Con
(ela vai todos os anos). Minha nova amiga me deu algumas dicas e me mostrou por
onde os convidados costumam sair. Ao final do painel, a Paget viu que eu estava
tirando fotos e fez pose, uma graça!
Eu já estava bem satisfeita com as coisas e deixei o salão sem nenhuma
pretensão, mas… resolvi dar uma passada em frente à saída que a moça havia me
indicado. Quando eu cheguei, encontrei novamente a mesma moça e um outro rapaz
na esperança de que a porta se abrisse… e foi exatamente o que aconteceu
naquele exato momento e adivinhem quem saiu de lá toda sorridente? Paget
Brewster!
Ela estava indicando o caminho do toilette para alguém e quando nos viu, e
foi extremamente simpática. Veio conversar com a gente e ficou um bom tempinho
“jogando conversa fora” conosco. Ela disse que ouviu falar que Criminal
Minds é muito popular no Brasil. Quando pedimos para tirar foto com ela,
concordou na hora e abriu um sorrisão! Ela teve uma postura muito além do
profissional: nos atendeu com o maior carinho. Foi super espontânea. Uma graça
de pessoa.
E quem pensa que minha sorte acabou aí… está muito enganado…
No dia seguinte, houve um painel comemorativo de dez anos de Firefly,
onde Nathan Fillion era um dos convidados mais disputados, Desnecessário dizer
que não consegui chegar nem perto da entrada do famoso “Hall H”, o maior salão
do evento. Mas… no domingo e último dia de evento, Nathan Fillion faria uma
sessão de autógrafos, da qual só poderiam participar as pessoas que fossem
sorteadas.
Nesse dia, eu e meus amigos madrugamos e chegamos ao centro de convenções
antes das portas serem abertas e, assim que liberaram a entrada, corremos (ok,
andamos muito rápido, porque é proibido correr pelos corredores) e fomos direto
para a fila do sorteio, mas… infelizmente nenhum de nós foi sorteado.
Conformados com o fato, cada um foi procurar algo interessante para fazer.
Eu disse a eles que, no horário da sessão de autógrafos, eu iria passar por lá,
para ver se conseguia ver o Nathan. Eles gostaram da ideia e disseram que
também iriam.
Enquanto passeava entre os muitos stands de souvenirs de todos os tipos, fiz
amizade com dois seguranças que me mostraram duas possibilidades de caminho que
o Nathan faria até chegar ao stand dos autógrafos. Depois de avaliar as
possibilidades, dei um tiro certeiro e apenas nós três estávamos na porta pela
qual Nathan Fillion adentrou ao setor de stands de vendas. Nós o vimos bem de pertinho,
tiramos foto e ouvimos um “Hi guys”, que foi a única coisa que ele falou
enquanto andava rapidamente. Segundos depois, Nathan desapareceu por uma
portinha minúscula no stand onde daria os autógrafos.
Resolvemos, então, nos aproximar do stand, para tentar uma foto melhor.
Plenamente conscientes de que estávamos atrapalhando a passagem de quem
trabalhava no stand, apenas aguardávamos o anúncio da entrada do Nathan para
sairmos do lugar onde estávamos, liberando a passagem. Vimos um funcionário se
aproximando e já fomos saindo do caminho quando ele nos surpreendeu nos
chamando: “Hei, voltem! Vocês podem ficar aqui na frente.” E nos colocou na
primeira fila, logo atrás da faixa que separava o público do palco.
Imaginem nossa empolgação! A sessão de autógrafos começou animada. Pedi para
uma assistente tirar uma foto dele de pertinho e ela o fez com uma super boa
vontade. Só isso já era mais do que suficiente para mim. Foi quando um
assistente da equipe anunciou que todos já haviam recebido seus autógrafos, mais
rápido do que o previsto, e Nathan ainda tinha alguns minutos disponíveis e
passou a sortear pessoas na multidão para ganharem seus autógrafos. Um dos
funcionários passou correndo e tocando a mão de quem era sorteado e eis que… eu
fui uma das felizardas que foram sorteadas!
Eu e meus amigos nos entreolhamos com aquela cara de felicidade e, ao mesmo
tempo, decepção, porque apenas eu havia sido sorteada. O rapaz do sorteio
percebeu e perguntou se estávamos juntos. Quando dissemos que sim, ele chamou
meus amigos também. Foi lindo!
Não era permitido fazer pose para tirar foto, porque atrasaria o andamento
da fila, mas conseguimos tirar uma foto pertinho dele, o que já está ótimo e,
de quebra, conseguimos um autógrafo. Eu, particularmente, não ligo para autógrafos,
prefiro as fotos, mas guardo meu pôster autografado com muito carinho, porque,
vocês hão de concordar comigo: tive muita sorte nessa Comic Con!
Foi uma experiência única! A Comic Con é um lugar mágico para fãs não apenas
de seriados, mas de cinema e quadrinhos. Pessoas desfilando fantasiadas por
todos os lados, eventos paralelos e o agito nas ruas próximas ao centro de
convenções contribuem para o clima alegre e descontraído que envolve a cidade,
que é linda, durante quatro dias, uma vez ao ano, todos os anos.
Para quem tiver a
oportunidade de participar de uma Comic Con, fica a dica: não pense duas vezes.
Vá! Você não irá se arrepender!